15.3.09


Chet Baker


A noite já desceu há muito. E parece adormecer tranquila no pousio dos movimento das luzes dos carros nas ruas. E debaixo dos olhos, a solidão de uma noite fotografada a preto e branco. Cá dentro, o espaço de um atelier preenchido a meias com objectos vários e com uma vista sobre a cidade. Um sofá junto às portadas e um corpo aparentemente inerte e distraído pelo que se passa lá fora. A temperatura é agradável. No ar, flutuam sons aquecidos por uma frágil luz intermitente vermelha de um néon que invade timidamente o espaço de um deleite sensitivo que vem agora pegar-se às roupas desse corpo sentado no braço do sofá. E ouve-se o prenúncio de uma voz quente feminina que, murmurando meigamente, chora as pequenas indelicadezas do coração transformadas, agora, numa perda resignada de forças. Ao fundo, o som do piano alonga o ritmo suave de uma dor que não mata, mas carcome. Suavemente, a intimidade de um tom grave é anunciado por um corpo feito de metal a desmaiar em cadências pensadas a medir uma existência necessária sustentada em andaimes de sensações interiores. E assim passou mais uma noite. Mais uma em que o sono teimou em convidar-se. Em que os sentidos interiores tiveram ordem de soltura.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

o som sublinha, apenas, o silêncio.
Abraço!

20/3/09 11:42  
Blogger a said...

Mzinha, liberta-te! Solta-te!

Bjs

20/3/09 16:01  
Anonymous Anónimo said...

Ah!... isto não se faz, deixar aqui os pobres a cantar e a tocar sozinhos!... rsrsrs Já lhes bati palmas, já lhes dei flores, até uma moedinha para não lhes riscarem o carro mas eles juram-me que não vão embora sem a M. se despedir deles!
E olhe que hoje vai haver chuva - ainda se constipam!

Um sorriso e uma abraço!

24/3/09 09:48  

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