12.6.08

# 2


Olga Gouveia


« Agora não estaria disponível para o homem perfeito, aquele que deteria o tempo com o poderoso torpor dos seus músculos. Se esse homem existisse, Will não o encontraria, porque tinha encontrado outra pessoa, um homem meigo que estava a perder o cabelo. Algo crescia dentro dele, qualquer coisa que se lhe colava à pele. Sentia-se exultante e, com menos frequência, desconsolado. Dormiu diversas vezes com rapazes bonitos e tolos que conhecia nos bares ou no ginásio. Oferecia coisas a Harry, discos de jazz, uma camisola de caxemira, papel de carta francês. Temia tudo o que podia acontecer, todos os acidentes do mundo, e chorava, às vezes, de uma mágoa e uma felicidade que não conseguia nomear. »

Michael Cunningham