Do medo...
Edward Hopper - Room Sun
É imensa... a quantidade de coisas que deixamos sempre por dizer. Tremendo... o sentido que ganham quando um dia ainda as descobrimos dentro de nós. Quase apetece dizer que, por vezes, nos escondemos de forma infantil por detrás do que fazemos só para não conceder uma existência real em forma de som ao não queremos dizer. Porque tudo o que ganha som, ganha espaço. Dentro de nós. Dentro da memória. E cria fissuras por entre as dunas de que somos feitos. E o medo é tanto. Medo que certos sons ecoem ao longo de um tempo... talvez demasiado tempo. Vejo o medo como uma forma de desejo intenso... que vive à sombra de uma maturidade quase insana. É uma forma calculada de viver à custa de justificações consideradas válidas quando se julga que já se deu tudo. Quando se julga que a entrega foi total. Aprende-se a cobrar e a querer recolher frutos do pouco ou muito que se deu ou abdicou.
Ser-se adulto... é ter-se medo de um modo justificado. Temos medo de arriscar. E arriscando, temos medo de ficarmos pelo caminho. Temos medo de nos entregar. E entregando, temos medo de não saber recomeçar. Temos medo de amar. E amando, temos medo de não saber amar. Em suma, temos medo de ser felizes. E temos a lata de dizer que não temos medo. Ser feliz, é ser-se o que se é vivendo na medida certa e própria do momento e da situação em que se está. É saber viver sem certezas e reconhecer que se é mais feliz sem elas.
Ser-se adulto... é ter-se medo de um modo justificado. Temos medo de arriscar. E arriscando, temos medo de ficarmos pelo caminho. Temos medo de nos entregar. E entregando, temos medo de não saber recomeçar. Temos medo de amar. E amando, temos medo de não saber amar. Em suma, temos medo de ser felizes. E temos a lata de dizer que não temos medo. Ser feliz, é ser-se o que se é vivendo na medida certa e própria do momento e da situação em que se está. É saber viver sem certezas e reconhecer que se é mais feliz sem elas.







4 Comments:
Aprender a não ter medo, tarefa árdua... demasiado.
Beijo
E o medo ganha tamanho de uma vida quando é dela que abdicamos por ele... Ganha tamanho de vazio quando nos controla o que nos preenche... Ganha tons que nem notamos quando (inconscientemente, ou talvez não) abdicamos dos (demasiado) facilmente chamados "erros" (porque ser-se adulto é achar-se sempre tudo demasiado errado.... e "ter-se medo") para tornar-mos tudo "mais fácil" sem percebermos que a facilidade mora no ser-se consoante o que se sente... e ser-se feliz...
(...e porque isto dava umas quantas páginas de opinião... acho que é melhor ficar por aqui :-]...)
Beijos, M., muitos
a imagem não é de andrew wyeth, mas sim de edward hopper.
...é como ler uma descrição de mim propria e do momento que vivo "hoje" e das questões que me tenho posto...
obrigado
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