Da descendência...
Autor desconhecido
Nunca me imaginei a deixar descendência. De todas as coisas que nos podem acontecer ao longo de uma existência, esta sempre me pareceu pouco provável... tal como teria pouco a ver comigo. No entanto, acalentei sempre o gosto de poder acompanhar a educação de uma pessoa em ponto pequeno a tempo inteiro. Diria, neste caso, que a possibilidade de o fazer nunca se terá cruzado com a oportunidade. Um dia, alguém me questionou no sentido de eu reflectir se teria algo para transmitir. Confesso que já tinha reflectido sobre este assunto, mas não nesta perspectiva. E questionei-me sobre o que me haviam transmitido os meus pais. Olhos-os à distância e reconheço-lhes os gestos. Vejo-lhes a idade a crescer colada à pele e com os sofrimentos pregados nos sulcos que esta possui. Interpreto-lhes os valores com aromas de uma antiguidade nobre e entendo-lhes os erros cometidos no tempo alarmado pelos dilemas onde o amor, o respeito, a sabedoria apressada e as circunstâncias impertinentes ditaram a acção. Acima de tudo, reconheço incrustada na minha pele o que deles aprendi... os seus valores... o seu exemplo.
Hoje... não imagino sequer se as gerações mais novas notam a diferença existente entre gestos e exemplos. Diria que hoje, transmitem-se gestos. Memorizam-se os erros a trazer juízos morais pincelados pela imaturidade de quem não sabe o que custa a vida. Guarda-se o pouco tempo que existe como bandeira a hastear pelo abandono que sofrem... e quem sabe se não guardam a lembrança que um dia existiu alguém antes deles...
Saberão eles... a facilidade com que a vida, por vezes, pode ser uma lotaria?... que se os seus pais não se tivessem cruzado, eles não existiriam?... que parte da nossa história e identidade pessoal mora com eles?... que sem eles, passamos a ser um pouco menos daquilo que somos?
E sim, temo o futuro triste largado nas mãos destes jovens aos quais a vida parece acontecer ao lado...
Hoje... não imagino sequer se as gerações mais novas notam a diferença existente entre gestos e exemplos. Diria que hoje, transmitem-se gestos. Memorizam-se os erros a trazer juízos morais pincelados pela imaturidade de quem não sabe o que custa a vida. Guarda-se o pouco tempo que existe como bandeira a hastear pelo abandono que sofrem... e quem sabe se não guardam a lembrança que um dia existiu alguém antes deles...
Saberão eles... a facilidade com que a vida, por vezes, pode ser uma lotaria?... que se os seus pais não se tivessem cruzado, eles não existiriam?... que parte da nossa história e identidade pessoal mora com eles?... que sem eles, passamos a ser um pouco menos daquilo que somos?
E sim, temo o futuro triste largado nas mãos destes jovens aos quais a vida parece acontecer ao lado...







2 Comments:
Essas dúvidas e receios, provavelmente, todas as gerações os tiveram em relação aos vindouros... Mas há muita pertinência na pergunta que remete para a vida poder ser uma lotaria. Mesmo assim, haja optimismo!:)
Sim, LR, haja optimismo...
Um abraço
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