30.4.07

Da falta irrecuperável...


Garry Winogrand

Tenho a ideia que, ao longo da nossa vida, nunca recuperamos daquilo que perdemos... E recuso absolutamente a discussão sobre qualquer nota ou questão sobre o que realmente temos ou se alguma vez tivemos. Pelo menos agora. Falo unicamente de nós. Do que sentimos. E não daquilo ou daquele(a) que nos fez sentir. E reconheço que aprendemos sim, a viver com a falta de. Porque fica em nós aquilo que se devia dar. Porque não é uma resolução firme ou voluntária de um segundo que desliga o sentir. Entendo que as ditas resoluções, a existirem, são apenas o início de um longo fim a ser desenhado constantemente. E é nestas coisas que admiro quem se recolhe a sentir essa falta. Quem aprende a viver com ela em vez de a preencher prontamente. São teses, podem dizê-lo...

9 Comments:

Blogger Momentos said...

teses bem complexas...

30/4/07 14:58  
Anonymous Anónimo said...

Precious, infelizmente ou felizmente o luto é um procedimento longo.Cada vez um passo, sem pressa.Acredito na libertação, embora às vezes distante.

30/4/07 18:29  
Anonymous Anónimo said...

Existem momentos, lugares e, fundamentalmente, pessoas que nos são irrecuperáveis e, de quem, sempre, mas, sempre, sentiremos a sua falta ... é essa saudade e essas pessoas, que nos moldam!

Não partilho de algumas opiniões, que afirmam que somos saudosistas, não!, apenas vivemos com a certeza de quem algo ou alguém nos marcou, de uma forma profunda e indelével ... e, este conhecimento, permite-nos vivê-lo na sua plenitude e não, substituí-lo ou apagá-lo ...

30/4/07 19:07  
Anonymous Anónimo said...

"Já o disse em Hiroshima Mon Amour: o que conta não é a manifestação do desejo, da tentativa amorosa. O que conta é o inferno da história única."
[...]
"Todas as primeiras histórias de amor se quebram e depois é essa história que transportamos para as outras histórias. Quando se viveu um amor com alguém, fica-se marcado para sempre e depois transporta-se essa história de pessoa a pessoa. Nunca nos separamos dele."
[...]
"Só se ama uma pessoa de cada vez. Nunca duas ao mesmo tempo."

Marguerite Duras em "Mundo Exterior"

O teu texto fez-me lembrar este, que nunca me saí do pensamento.
Acho que concordo contigo.

1/5/07 00:41  
Blogger Eyes wide open said...

Pessoalmente, acho que só podemos preencher a falta prontamente, depois de conseguirmos aprender a viver com ela...

*

1/5/07 23:46  
Blogger M. said...

Momentos
daí deriva também a sua riqueza.
:o) um abraço

Viz
Cada passo, um dia. Cada dia e cada coisa a seu tempo. E talvez a melhor forma de viver seja a de desejar tão somente ao fim do dia... com ou sem luto.
um abraço

querida Chocozinha
Revejo-me nas tuas palavras. E sinto-lhes o peso desse moldar que por vezes não nos é nada pacífico.
um abracinho grande :)

SK
de facto, também penso que só se ama uma pessoa de cada vez... com tudo o que isso implique.
obrigada Salso :o)
um abraço

EyesWOpen
é uma boa perspectiva ;o)

mais *

3/5/07 13:25  
Blogger Peg solo said...

xi, q venho ler isto no momento "pim"! debato-me c perguntas e respostas q nao me servem. o q se viveu e o q se teve. o q é ou nao irremediavel. tb acho q nao recuperamos os perdido mas podemos recuperar algo desse todo q ajude a criar um todo novo, completo. cenas dos proximos episodios...

4/5/07 14:30  
Blogger lr said...

Não são teses. Tem toda a razão. Embora a melhor maneira de preencher um vazio seja preenche-lo. Mas será que se quer pagar esse preço, antes de fazer contas às 'perdas'? (desculpe-se-me a linguagem economicista...)

9/5/07 01:10  
Blogger lr said...

Não são teses. Tem toda a razão. Embora a melhor maneira de completar um vazio seja... preenche-lo. Mas será que se quer pagar esse preço, antes de fazer contas às 'perdas'? (desculpe-se-me a linguagem economicista...)
É o tipo de dilema com que me defronto, às vezes.

9/5/07 01:11  

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