Do teu olhar...
Ruth Bernhard - Burgoyne - 1998
Não me olhes assim. Não agora que tenho de ir. Não cases esse olhar imenso de ternura com a espera sentida e ansiosa junto à janela. Por favor. Peço-te. Não me olhes assim que parte-se-me o coração. Volta para o quarto nos teus passinhos de criança grande. Volta para a cama onde o morno da minha presença ainda mora. Não me tires, agora, a coragem de ir resolver uns quantos assuntos com a vida para mais tarde regressar aos teus braços onde repouso da vida que tenho longe de ti. Deixa-me ir agora que ainda tenho forças resistentes e algumas certezas miúdas que a vida não me vai trair. Guarda-me esses abraços meigos e tranquilos para eu poder juntar aos muitos que te quero dar e que a vida toda não me basta para tos dar. Deixa-me olhar-te demoradamente. Oferece-me aquele teu sorriso... aquele que me enche o peito de tanta vida que tenho escondida no sangue a espraiar-se nos poucos anos que ainda me restam. Gosto tanto do teu olhar. Da imensidão deslumbrada que neles vislumbro... E se os meus olhos não se fecharem entretanto, espera-me... pois virei cobrar tudo o que, agora, os teus olhos me parecem prometer.







2 Comments:
Deixo-te um beijo e um abraço. Digo-te que gosto tanto do que tu escreves. Tanto.
Espero que estejas bem.
Beijos, muitos
Cacau
Retribuo com delicadeza o beijo e o abraço. E... :o) obrigada por o dizeres.
Desejo o mesmo.
Mais beijos :o)
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