Sideways...
Nunca soube beber nem apreciar vinho. É um defeito inerente ao modelo e série do qual emergi. Sempre julguei que para o saber apreciar em toda a sua plenitude era necessário possuir maturidade. Possuir uma certa sabedoria que vive presente num retorno aos sentidos depurados pela vida. Mais do que isso, implicava saber aliar os sentidos à fugacidade da vida. Recentemente vi um filme que classificaria de magnífico. E direi sempre isto de cada filme que passa despercebido, do qual nada se espera e do quão profundo e simples se revela no implícito que se desenha ante o nosso olhar até à última imagem.
Sideways é um filme que fala sobre vinhos. Sobre a efemeridade da vida. Sobre as expectativas inerentes às relações amorosas. E o que o filme tem de delicioso é o modo como Miles e Maya falam de vinhos, das suas preferências e como isso reflecte o que ambos desejam do amor.
Em Miles, encontramos a atitude de uma pessoa que guarda um tipo especial de vinho [Pinot] para o abrir e partilhar com alguém especial, num momento especial, numa tentativa desesperada de acreditar que isso é possível, ainda, após o fracasso da primeira relação. E é assim que ele fala do seu Pinot : «Pinot is a hard grape to grow. As you know. It's thin-skinned, temperamental, ripens early... Pinot needs constant care and attention and in fact can only grow in specific little tucked-away corners of the world.» Reside a dúvida: uma reflexão sobre escolhas e pessoas certas? ou sobre como se sobrevive sem momentos e ocasiões especiais? E enquanto espera, não vive.
Com ele cruza-se Maya, uma mulher que aprendeu a apreciar vinhos e a querer relacionar-se com eles profissionalmente. Descobriu-lhes a cor, a textura e o sabor único que têm no momento em que são abertos. Exactamente porque é aquele momento e não outro. O que diz Maya dos vinhos: «I like to think about the life of wine, how it's a living thing... I love how wine continues to evolve, how every time I open a bottle it's going to taste different than if I had opened it any other day.» E assume a posição de quem aprendeu que não existem ocasiões especiais. Porque cada momentos que vivemos é especial. E deveria sê-lo... mesmo que não se tenha com quem partilhar. E aqui desenha-se uma outra dúvida: que sabor terá um momento especial a sós connosco?... e será esse sabor acrescentado quando existe um momento de partilha?








10 Comments:
gosto dos seus comentários ao filme, e sobretudo da parte final do post, mas não apreciei a história deste filme por aí além. sobre vinhos e sobre vidas, um grande filme é "Mondovino" - documentário espantoso... viu?
abraço,
Desculpa lá mas ainda venho com esta no ouvido
Querida M. tenho saudades de te ver :-)
Vou ver o filme fiquei curiosa e dp respondo-te á pergunta!!
Beijos
Tomei a liberdade... :)
Hoje sou um ídio da meia-praia. E tu?
Tchim!Tchim! Porque a vida como o vinho é para saborear.
Bjs nossos.
ps:Já temos a garrafa!
É um filme curioso.
Mas melhor de que provar os vinhos é a conversa em redor deles...
Ainda vais parar aos AA! ;)
mas enkuanto xe espera tb xe vive...vive-xe a espera, sonha-xe n xó c o aroma, o corpo e o sabor dexe vinho futuro mas tb e prinxipalmente kom kem o partilhar, pq xim o sabor xó o é (pra mim claro) acresxentado qd partilhado...mas xer-xe um "pleasure delayer" em exagero tb pode xer contraproduxente e aí é melhor abrir o vinho mxm ke a altura n seja akela, a ideal, até pq a altura ideal pode nunca mais xegar e deixamos escapar,apenas uma boa altura pra o faxer ke pode perfeitamente nunca mais acontexer...pq a vida é agora neste minuto onde me debato com uma terrivel inxónia e apetexe-me irromper pela caxa dela adentro, acordar-lhe os pais o cão os vixinhos...e raptá-la pra deitar-me juntinho a ela e descanxar este meu cansaxo nela
porra ixto era escusado lol...n dá pra apagar a parte final da minha dixertaxão?...(xuspiro)
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