Do que se fala...
Da Educação...
A verdadeira educação deve transmitir o saber mostrando que ele é uma disponibilidade e não uma obrigação, que ele é uma liberdade e não um constrangimento.
Olivier R. D'Allonnes
A educação deve desenvolver, em primeiríssimo lugar, o sentido da felicidade, ou seja, uma espécie de atenção, de perspicácia, dirigidas a si próprio e à vida, e que indicam que só a alegria importa.
Robert Misrahi
Uma cabeça bem arrumada permite uma cabeça bem cheia. A formação do espírito deve ser um objectivo essencial da tarefa educativa.
Raymond Polin
Talvez devêssemos começar por aqui... por tentar perceber o que se entende por educação. O que dela pretendemos e esperamos. Definir rumos e finalidades. Definir papéis. Fomentar a exigência e o respeito pela função de cada um. Evitaríamos, certamente, toda esta panóplia de erros e equívocos... a sra ministra a defender uma escola de resultados [pergunto-me: que raio se tem passado nos últimos anos que não seja a adequação da escola, do professor ao aluno e ao seu ritmo de aprendizagem? ],... a defender Alunos [que devem ser avaliados pelas suas competências - o que me lembra a célebre história de Aristóteles com os conceitos de potência e acto... ficaremos eternamente na potência, na capacidade de... sem passarmos ao acto, à aplicação efectiva dos saberes.- E não me venham dizer que as aulas são entediantes... nunca vi tantos materiais nem tantas estratégias, nem suportes tecnológicos pensados para estar ao dispor do aluno como vejo actualmente.],... a defender Pais e Encarregados de Educação [sabemos que os pais passam pouco tempo com os filhos... e na escola, por vezes, apenas são conhecidos pelos nomes que constam nas matrículas... e que nome devemos dar aos professores que desempenham, muitas das vezes, o papel de pais na transmissão das regras básicas que se deviam adquirir em contexto familiar? ]...
No meio de tudo isto, lamento... que a sra. ministra não demonstre a diplomacia necessária para lidar com aqueles de que depende. Porque sem professores não existe ensino. E que ela não saiba defender o papel dos professores no contexto da 'saúde nacional' [neste caso, na formação saudável e reflexiva dos espíritos]... Que ela tenha a coragem de os transformar em meros funcionários públicos [e absentistas] quando não o são... Sei que é bem mais fácil olhá-los assim só porque têm alguns direitos e regalias que outros não têm... mas curiosamente, continuam a ser funcionários públicos (?!) quando andam com a casa às costas por todo o país, quando sofrem agressões verbais e físicas no local de trabalho, quando vivem uma vida contada ao kilómetro e suspendem projectos de vida porque ainda não é hora, quando se 'aventuram' a constituir família esperando que o amanhã seja melhor e que os avós fiquem com os netos... E sim, também sei que existem professores que passam anos e anos na mesma escola... e ainda assim, são apenas uma minoria dentro do corpo docente.
Não consigo imaginar... pelo menos na última quinzena de anos, que alguém se tenha aventurado a ser professor só porque não tem mais nada para fazer. Não consigo imaginar que o seja aceitando todas as circunstâncias inerentes e próprias desta actividade [e que sofre as consequências directas da mudança familiar e social] sem que o faça por gosto e por vocação... e principalmente, que o faça por outras razões que não os alunos que tem à sua frente. Nunca o ensino foi feito para os professores. E não defenderei que os professores não erram. Erram como todos os profissionais. Mas ser-se professor tem um lado incrivelmente positivo: o de aprender constantemente com os alunos. Esta é talvez a única compensação que se pode encontrar nesta actividade. Não sejamos ingénuos pensando que existem outras. E talvez por isso, seja uma actividade tão humana. Não se lida com números nem com máquinas... mas sim com pessoas que estão a aprender, muitas vezes sem que o saibam conscientemente, a responsabilidade de terem a vida toda pela frente baseada naquilo que aprendem.
E sim, concordo com a avaliação dos professores. Realizada de forma isenta e séria. E aceitarei que os Pais avaliem professores no mesmo dia em que um professor puder chamar um Encarregado de Educação para vir dar a sua aula...
Por tudo isto e a todos esses, a sra ministra devia um respeito que não está a demonstrar. Por tudo isto, os professores deviam olhar para si e mostrar que a dignidade da sua profissão não está num Estatuto mas sim na sua união contra o que pretendem fazer do Ensino. Esperemos que um dia... não tenhamos que chegar à situação de haver falta de professores como já acontece em outros países da Europa... só porque passou a ser impraticável... e humilhante ser-se professor.







6 Comments:
Finalmente, algo de mais estritamente político, neste blog de que gosto tanto. Para o comentário não ficar muito longo, vai para a caixa do correio, pode ser?
LR
Confesso que existem coisas às quais não consigo ser indiferente... Por outro lado, penso que muito se passa no nosso país em termos políticos que nem merece ser abordado. Enquanto cada um não olhar para si e ser exigente consigo como pretende ser com os outros... nunca iremos muito longe.
Fico à espera desse comentário. :o)
E obrigada ! Um abraço
As pessoas não falam propriamente de educação, falam mais de ocupação dos alunos.A escola serve para ocupar, também para educar, se juntarmos as duas funções, mais uma terceira poupar, e ter sucesso, quarta. À custa de quê? Da redução dos professores a funcionários. Nem sei bem o que se dá, deu ou dará às escolas para cumprir tanto designio, até agora nada. Sorry o desabafo.
errata: desígnio
tb axo um absurdo os pais avaliarem os profes...esta ministra treslê! E n é tanto pla kestão dos pais n tarem habilitados a leccionarem, é mais plo mt k lhes paxa ao lado em relaxão aos filhos...kuanto mais aos profes...faxa-se uma escola d pais e já agora uma escola d ministros tb :) pq ixto anda td bebado!! "Este país é um colosso, tá tudo grosso, tá td grosso"
Descobri o teu blogue e bolas escreves bem k te fartas...bjokas
Eu não sei o que tu entendes por mero funcionário público, ou qd dizes que a sra ministra pretende transformar o professor em funcionário público… isto porque tal como no caso dos funcionários públicos, há os bons e os maus, e funcionário público não tem de ser necessariamente mau, péssimo, execrável… e tenho para mim que os professores do público são, sempre foram e sempre serão (embora aqui comece a ter dúvidas) funcionários públicos… bom, adiante…
Mas nesta equação há questões de fundo a tratar:
Milhares de licenciados a sair todos os anos para o mercado de trabalho, candidatos ao desemprego… e no entanto continuamos a abrir cursos e mais cursos para a mesma coisa ao invés de abrirmos com base num planeamento sério e profundo (e infelizmente isto tb acontece na minha área, assim como na educação, assim como em outras áreas)… isto só agrava o problema social do desemprego dos professores…
Diminuição do numero de alunos em cada escola com a consequente diminuição de vagas para professores…
Os profissionais liberais que sobrepõem actividades profissionais e que ocupam lugares de docência, deixando de fora aqueles que têm de facto formação de base e pedagógica… e apenas uma possível fonte de rendimento… mesmo os do ensino técnicoprofissional e os formadores dos tão apelativos cursos ou acção de formação financiados pela UE (por exemplo, como é o caso de um jurista, funcionário público, que dá formação na área da Higiene e Segurança no Trabalho - se ele dá, porque não um professor, que tem sobre ele a vantagem de ter formação pedagógica)…
Método de selecção do professor que não permite que se escolham os melhores ao invés dos piores (isto porque toda a gente sabe que a técnica da avaliação e consequente inflação dos resultados já se pratica há muito nas faculdades e politécnicos, e nem sempre um bom aluno de notas dá origem a um bom professor) nem todos aqueles que tem melhores notas são de facto os melhores…
Mentalidades… cada vez se acha mais que a escola deve colmatar algumas lacunas deixadas pelo actual ritmo de vida, com o consequente diminuição do acompanhamento familiar… deve ainda colmatar lacunas ao nível do acompanhamento psicológico, ou social (a exemplo das medidas da integração de professores nas Comissões de Protecção de Menores, nas condições em que vão ser integrados)…
Mas até agora só vejo gente a preocupar-se com a avaliação do professor.
Sim. É verdade. Eu não gostaria de ser avaliada por quem não conhece o meu trabalho, nem percebe como se faz, nem tem em conta nem conhece as dificuldades com que o executo. Gostaria de ser avaliada por um método imparcial, sério e eficaz.
Mas enfim…
O que eu acho é que ao invés dos professores irem apenas de encontro a esta proposta, deviam estudar um método de avaliação sério e propor uma alternativa séria e incontornável.
E depois, se toda a gente diz que a avaliação dos professores é apenas a ponta do iceberg das medidas proposta para dar a volta á Educação em Portugal, talvez seja altura dos srs professores mostrarem ao país o que é que se esconde para além da ponta que está à tona da água…
Talvez assim as pessoas entendam de uma vez por todas a gravidade do problema e resolvam levantar o rabo do sofá, despregar os olhos da TV e juntar-se aos professores contra a desedução em Portugal.
E pronto vou-me calar... desculpa-me a extensão do comentário...
BJ SK
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