Do espaço...
... eu estava ausente no momento em que ocupava o máximo espaço.
A. Camus - A Queda
Conhecia os meus gestos. As coisas que tinham o meu nome. E o significado que lhes atribuía. Soube sem que o dissesse que me estava a preparar... para seguir em frente. E nessa tarde, teve receio de perguntar. Procurava entreter-me com conversas... asfixiadas pelas banalidades que continham. E que iam crescendo pelo espaço apenas com meias frases nervosas que ficavam suspensas no ar... procurando retardar-me os gestos... preencher o silêncio... e o espaço que existia entre mim e ela. E pelo meio... ganhou coragem depois de me sentir tão silenciosa. Perguntou-me onde ia... pela importância desse compromisso. [... acreditarias se te dissesse que não tinha nenhum? ] Virei-me para ela... e sorri. Relembrei-lhe apenas o que me havia dito... que eu tinha de seguir em frente. Virei-me. Vi o seu reflexo no espelho. As lágrimas rolavam-lhe pelo rosto. E saiu. ... Sim. Acredito que existe um momento. Mas não foi nesse momento que a deixei de amar. Também não foi naquele em que mais me magoou. Foi depois. Muito depois. E relembro agora ao fim destes anos. Foi no momento em que senti que queria ser mais feliz. Foi aí. Nesse momento em que me decidi. E na altura não me apercebi sequer... que havia sido no seu momento... naquele em que teve a certeza do que eu era para ela. Foi aí... quando eu ocupava o máximo espaço nela... que já me encontrava ausente. ... Porque me veio ela agora à memória?... Sei a resposta que o seu olhar murmura suavemente... como se soletrasse cada letra: falhei... Falhei como pessoa... Não soube amá-la nos seus momentos. No ir sendo pela vida. Não soube cuidá-la. Não soube ensiná-la a amar-me, a cuidar de mim...







9 Comments:
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É impressionante como ...as coisas boas ainda podem ser melhores (a propósito deste blog e das mudanças no template).
Parabéns e obrigada!
Este blog é de uma sensibilidade mágica. Sabe muito bem passar por aqui! (oops, parece que estou a repetir-me)
Beijinhos!
O texto é bonito. De novo essa deambulação da presença ausente. Infinito esse jogo e doloroso.
Genial, M. Genial ;) Bjinhes
LR
Ena... muito obrigada ! :o)
Mas não cries expectativas... sabe-se lá se algum dia isto não corre bem. Mas ainda bem que gostaste !
um abraço
DGC
Já dizia Platão que o amor reside nos olhos de quem contempla... quem sabe se essa sensibilidade e magia não moram no teu olhar? Mas obrigada!
Muitos beijinhos
Manhã
Não é a nossa memória feita de ausências?... Infinito, sim. Doloroso? Tem dias. :o)
um abraço
Silver
moça gira... para ti muitos, muitos beijinhos :o)
m., com uma resposta assim, que dizer?
Beijinhos. :)
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