Just Married
Casar vem de casa. E eu já tive tantas casas que se fossem como casamentos tinha perdido a parca fortuna em divórcios. Nunca acreditei em promessas de uma vida inteira porque as promessas são intenções e as intenções são gestos vagos sobre tanto que não se fez. Por outro lado, casar, constitucionalmente, dá um certo jeito, um encosto à propriedade, uma sombra de respeito sobre os olhares críticos da mãe, da sogra, da família toda que se remexe em comentários assim que viramos costas. Herda-se um nome, por vezes ostenta-se uma posição, social, cultural ou simplesmente uma ideia de estarmos miseravelmente de mal com a vida e com o amor. Ou então, sendo crente, aspira-se à benção de um deus que reconhece pouco a cor do beijo se o beijo tiver uma cor que ninguém tenha referido nas escrituras. Porém, pesando as contrariedades ou as virtudes da semantica, da herança ou do status que vem no pacote do casamento, a ideia continua a não me seduzir. Seja lá como for, com ou sem lei que permita casamento entre iguais, não podemos evitar o olhar reprovador dos que não aceitam a diferença, ainda que se digam tolerantes.
Porque por mais incómodo que possa parecer, somos todos diferentes, muito diferentes.







5 Comments:
é isso mesmo. também nunca me atraiu a ideia de casamento (e teria imensos motivos para pretender o contrário)mas entendo que todos têm o direito a optar pelo casamento, ou não, e isso deve ser uma escolha natural.
Confesso que a ideia do casamento me atrai. Bastante até. Talvez porque o veja com outros olhos... que não o do papel que formaliza uma união e que tão pouco diz dos motivos que levam a essa união ou daquele que se deixa condicionar por todos os motivos familiares e sociais de um dia/festa que se quer memorável para a vida.
E no entanto, se tivesse a oportunidade de exercer o meu direito a casar... não o exerceria com todas as desvantagens que isso possa acarretar.
E o casamento continua a fascinar-me... da mesma forma que a promessa de uma vida inteira.
É um fascínio apenas...
Estou a absolutamente solidária com a Pilantra. Nestes tempos de conformismo, uniformização e moralismos é preciso dizer que somos diferentes como pessoas e iguais como cidadãos!
ora que grandes verdades por aqui se dizem...
pois... muitas e grades verdades.
***azuis
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