Tu virias... ?

Luís F. Dias - Se Marte tivesse praia

Meu anjo...

Deixa-me aproximar do teu silêncio... aquele com que te vestes quando moras nesse teu espaço... na tua praia esquecida pelo tempo e pelo mundo que habita por detrás das dunas aquecidas pelo sol que te protegem. Deixa-me abraçar-te ao de leve... para depois te envolver de um outro modo mais sentido. E sentir o aroma dos teus cabelos, do morno suave do teu corpo e do teu ser, da tranquilidade em que te moves quando nos descobrimos juntas nesse querer que se desenha para a vida. E deixa-me dizer-te... neste meu preceito atrapalhado em que vivo... aquilo que em mim já não é possível suster no meu sentir-te... no meu escrever-te por entre as palavras que tanto te desenham nos contornos suaves e delicados com que me apareceste à vida. Deixa-me... deixa-me segredar-te o quanto a minha emoção e paz me preenchem de forma inteira e se revestem de um branco linho que mora junto a uma fogueira... que se vai consumindo lenta e intensamente nessa tua praia onde te espero para a vida...

E deixa-me perguntar-te: ... se eu te pegasse pela mão, se te desse uma só flor e te trouxesse para habitares neste meu cantinho azul... que não é índigo... tu virias ?

E porque o momento o exige... Thomas Dybdalh - Stay Home