Um novo ciclo...

Jorge Casais - O tempo não volta para trás

Iniciei agora um novo ciclo na minha vida... e para onde vou, não levo malas nem bagagens. Tão só... me levo. E ultimamente, tenho-me lembrado muitas vezes de uma metáfora usada por H. Blumenberg numa das suas obras - Naufrágio Com Espectador - e que resume uma ideia que considero curiosa: a metáfora do naufrágio como paradoxo da existência. Dizendo isto de outra forma... um naufrágio que ocorre em pleno mar alto quando este se lança contra o frágil barco. E aqui, o único elemento seguro é a posição do espectador que se encontra em terra firme longe do alcance da tempestade. Mas esse porto seguro não é a alternativa ao naufrágio justamente porque é nele que se perde a felicidade da vida... e desvela-se como palco de uma segurança ilusória.

O naufrágio surge, então, como a experiência daquele que vive, e que ao viver se encontra em pleno mar... sujeito às calmarias, intempéries e inclemências do 'destino'. A ideia que mais me cativou foi esta... num naufrágio só se salva aquilo que é realmente importante: a posse de nós mesmos. E isso, só se alcança através de um processo de auto-descoberta e de auto-apropriação... que só é possível a quem vai passando por alguns 'naufrágiozinhos'... Tudo o resto... são apenas destroços que vão parar à praia das nossas vãs seguranças.

Perdoem-me se o meu espaço parecer pouco habitado... mas são motivos profissionais que me levam a estar mais ausente...

Espero que estejam... e fiquem bem. Beijos a tod@s. :o)