29.9.05

Os teus contornos...

Alain Daussin - Matin

Não te sei precisar quando foi que a tua presença invadiu todo o meu espaço... como se tratasse de um nevoeiro que calcorreia meigamente a terra do mesmo modo que alguém aprende e vive suspenso nos contornos do corpo da sua amante. E não consigo imaginar sequer o que vês... aí desse lado onde estás e donde não sais por receio. Sei apenas que desejo aproximar-me... ainda que não saiba o que sentes ou pensas. Cada hora passada contigo deixa-me uma mala cheia de emoções que receio abrir... e vasculhar uma a uma. As tuas expressões falam-me um pouco de ti... será mesmo de ti?... do teu eu que vive em ti ?... ou serão apenas expressões de uma máscara tua? ...
O teu olhar, os teus gestos, a tua segurança inquieta cativam-me. E quando me falas... naquele teu jeito de quem me tenta repreender... só desejo contemplar-te com aquele meu olhar meigo... um olhar que fez do silêncio o seu mar. E sinto-te tão inquieta... de uma intranquilidade que tu não te permites sentir... se tu soubesses... que é nesses momentos que mais desejo aproximar-te de ti. Queria tanto... pegar na tua mão, beijá-la com suavidade... Olhar nos teus olhos e pedir-te que me deixes abraçar-te... que me deixes embalar essa tua incerteza que te devora de uma forma muda e quieta. Deixa-me dar-te um pouco do muito pouco que tenho... E é engraçado como o teu olhar continua suspenso no meu... como se toda tu desesperasses por uma reacção minha...
Desejo tanto diminuir o espaço tímido que me afasta de ti e que não é mais que o comprimento de um braço. Entrelaçar os meus dedos nos teus e sentir o toque morno de cada um dos teus. Desejo fechar os meus olhos e deleitar-me com cada um dos tons diferentes que moram na tua voz... ao mesmo tempo que vou perscrutando a textura suave das tuas mãos... o brilho dos teus pulsos... beijar as ondas que circundam os teus olhos... e cada lágrima tua. E deixo-me perder na imensidão do teu corpo... no desenho ondulado dos teus ombros... na elevação terna do teu pescoço que me indica o lago do teu desfalecer... na linha prateada que percorre as tuas costas... e descubro em mim uma sensação de paz que me preenche... e que emana timidamente de ti. Sei que é no teu corpo que moras... mas não é lá... não é lá que tu habitas...

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Na Alma e na Pele... Um abraço grande para ti M. :)

30/9/05 00:26  
Blogger sotavento said...

Hum...

30/9/05 13:22  
Blogger Rute Coelho said...

Todos os eclipses são temporários....... sem excepção. E o seu também o foi. Um dia acordamos e deparamos com o passado a chocar com o nosso futuro numa necessidade urgente de alterarmos o presente- O hoje- em amanhã. Não concorda?

30/9/05 16:59  
Blogger Francesca said...

Juro que não te sei dizer mais do que simples . . .

Beijo enorme

2/10/05 22:58  
Blogger M. said...

Scorpio :o)
Outro abraço para ti

Sotavento :o)
hummmmmmmm... ;o)

Mariadalua
Bem vinda
E sim, os eclipses são temporários... mas especiais. E sim, concordo. Prefiro agora olhar para o futuro e escrever nele histórias reais... sem olhar para o imaginário do passado.
um abraço

Boo :o)
(M. a corar...) beijos

Cacau :o)
e eu ? que direi?
beijo

3/10/05 21:18  

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