'Tantas Vezes Tu'

Há alguns anos atrás tive o prazer... e diria mesmo privilégio de ler uma pequena obra, que me foi emprestada por uma amiga da altura, e que me ficou na memória. A obra chama-se Tantas Vezes Tu e foi escrita por Afonso de Melo. Não é um autor conhecido. E parece-me que esta foi a sua primeira obra. Tentei, por diversas vezes, encontrar um exemplar ou descobrir a editora... mas a demanda revelou-se sempre infrutífera... Desde já fica o apelo a quem conhece a obra... que me ofereça a dica de onde puderei encontrá-la... Por agora, fica um dos seus poucos vestígios (citações) que eu, na altura, teimava em guardar...

E se tu soubesses...

Se tu soubesses o que me vai na alma... se soubesses as vezes em que em ti penso a saber que nem sequer de mim te lembras. E se soubesses que tantas das pessoas que por mim passam, passam porque procuro esquecer-te enquanto tenho de esperar e ter paciência porque, para já, os nossos tempos são diferentes.

Queria saber o que se pensa quando se joga tudo o que se tem.

E deixa-me contar-te como descobri que a vida sem ternura não é grande coisa e como se consegue viver sem chorar e com os olhos cheios de água. Deixa-me explicar-te como se destroem ilusões e como é difícil recomeçar todas as coisas quando nelas não se acredita. E deixa-me contar-te como foi aquele dia em que um vento de Inverno soprou fantasmas nos sonhos de menino e se fez trsite o meu sorriso e como cresceu este silêncio imenso que em mim se sente do princípio ao fim.

Foi aí também que descobri que não se pode contar a ninguém o segredo da dor.