Pequenas coisas...
Martin DernierE de repente, em fúria surgiu em mim o motivo pelo qual parti. Parti. E não quero aceitar que fui eu que parti. Parti porque te amava. Amava-te demasiado para estar contigo. Para estar contigo e ver-te infeliz. Não agora. Mas depois. Quando um dia mais tarde, não ousares olhar nos meus olhos e anunciares a tristeza... a profunda solidão de uma felicidade que necessita de se balançar a si mesma para se confortar. Que tinha eu para te oferecer ?
Queria poder-te oferecer aquela felicidade enternecedora de uma vida inteira. De uma vida inteira depositada com suavidade nas pequenas coisas de todos os nossos dias. E eu oferecia aquilo que podia. Pequeníssimas coisas que eram apenas um pequeno sinal do meu sentir por ti. E tu merecias mais. Muito mais. Eu desejava poder dar-te o pôr-do-sol suspenso no tempo. Oferecer-te a lua altiva e o seu brilho intenso, conseguir guardar o som das ondas num pequeno frasco e dar-te juntamente com uma flor que, em vez de morrer nas nossas mãos, renasceria inteira com todo o seu querer para a vida.
Desejava tanto ver-te. Ver-te ao longe e não me veres. De sentir-te feliz. Uma felicidade que não soube oferecer-te. Longe de mim. Onde estarás a salvo. Queria despedir-me. Pela última vez. Uma última vez mesmo para todas as últimas vezes em que me despedi de ti... e de mim em ti.






18 Comments:
O meu silêncio é completo...aqui agora ao ler-te...É como um espelho.
toda a gente acha que merece mais - esse é o fundamento da tristeza: valorizar o que não se tem e menosprezar todas as pequenas coisas que se tem.
o texto é sentido, dolorido, mas bonito. às vezes não temos mesmo como fugir à beleza da tristeza, pois não?
M., mais uma vez, puseste-me a pensar ...
E não é suficiente a nossa entrega incondicional, abandonada e total? Não é suficiente olharmos nos olhos e vermos o nosso próprio amor reflectido? ... não é o amor um conjunto de pequeníssimas coisas, qual construção que se edifica e estrutura diariamente? Sim, eu sei que quando amamos gostaríamos de alcançar a lua, o sol, o mar para podermos dizer: são teus! Mas, quando nos entregamos sem reservas, sem condicionalismos, sem períodos e espaços definidos não estamos a dar o bem mais precioso de todos, nós própri@s?...
AlmaAzul
e já que falamos de espelho... agrada-te o que nele vês?
Miss Tangas
Nem sempre a tristeza tem a sua origem no menosprezar o que se tem... quantas vezes não nasce ela do pouco valor que nos é dado ?
Querida Choco
agora deixaste-me tu a pensar... dir-te-ei depois quais foram as minhas ruminações...
Um beijo
Há beleza, mesmo que por vezes tenha de ser a "beleza da tristeza".
E a beleza sempre me agrada. :)
*azul
Estamos de acordo AlmaAzul... ;o)
m., (...)
na sei que dizer... apenas um beijo grande nessa testa.
m., (...)
na sei que dizer... apenas um beijo grande nessa testa.
mar, tás com dislexia teclal?!... LOL
M., ruminemos então! Bjs!
Marrrrrrrrrrrrrrr
um beijo de chocolate nessa testa ;o)
"um beijo de chocolate", ai o caneco!!!! Bem ... isto agora já vai assim, utiliza-se e não se pede licença, hein?!
Todos os dias partimos...
Partimos em direcção a um novo amanhecer, porque todos os dias eu sei que há um amanhecer...
Todos os dias nos despedimos...
Nos despedimos daquela tarde suada e cansada, porque todos os dias eu sei que uma tarde fica para trás...
E todos os dias parto, porque creio que lá chegarei!
E todos os dias me despeço, porque anseio voltar a encontrar!
E todos os dias desejo o poder registar todas essas pequenas "coisas", todos esses "tão grande nadas" que um dia partirão comigo, porque talvez não se queiram despedir de mim!
Miss Choco
por favor, perdoe-me esta ousadia (tah...tah...tah... M. a autoflagelar-se). Tem toda a razão, não mereço a sua companhia... ai de mimmmmmm
Miss Lemon
a menina surpreende-me... de tão susugadita... emerge do nada e vai que diz umas coisas que só me fazem dizer disparates... a menina deixa-me nervosa !
A imagens utilizadas quer pela Chocolover, quer pela LemonTea sintetizam o que eu ia dizer (são as vantagens da experiência, bem sei, bem sei! ;)).
Todo o meu tempo pode não ser tão belo como a lua, tão arrebatador como o mar ou tão perfumado como uma flor, mas é genuíno e, acima de tudo, é único. O nosso tempo, a nossa atenção, valem mais do que tudo o que de material possamos oferecer ao "object of our afection". Ninguém merece mais do que isso.
O que tortura, de facto, na despedida, é olhar para trás e ver que aquela tarde preciosa já passou, e então a despedida é dolorosa. Mas ela é necessária para que nasça um novo amanhã e esse amanhã será novamente especial, enternecedor... e então vale a pena despedirmo-nos para nos reencontrarmos. Não achas, querida M.?
Um beijo.
adorei o texto.. e foi muito bom conhecer um outro baú... cheio de coisas que tenho e coisas que não tenho... cheio de beleza, poesia e dor...
Queridas Lemon, Choco e Mente
obrigado por me recordarem aquilo que é essencial... e Mente... é isso mesmo que procuro: o reencontro comigo mesma...
Um beijo a todas
Nina
bemvinda... mas esperemos que não seja um baú de tanta dor...
Enviar um comentário
<< Home