O teu livro...
imagem retirada do Google e adaptada por M.
Encerrada agora nesta sala imensa, de paredes brancas e nuas de qualquer decoração, mas cheia de recordações ternas e mornas de um sentir, um candeeiro no canto do quarto ilumina a escuridão profunda que existe em mim. Junto à janela uma cadeira com um livro aberto e abandonado. É nele que agora o meu olhar se concentra e se perde nas memórias que dele emanam.
A brusquidão de um gesto, a frieza de um olher, o volume alto de um sentimento de raiva preso nas teias de uma linguagem verbal, o aperto violento de um braço, o volume de sentimentos confusos cada vez mais alto, o barulho contínuo de objectos a cair no chão. E de repente, o silêncio ensurdecedor de uma separação sem retorno. De novo, a profunda frieza do teu olher, a imensidão de uma distância que entre nós se interpôs... e a fragilidade de um terno desejo que ficou por se cumprir.
Um casaco preto, umas chaves no bolso direito, o barulho de uma porta que hesitantemente se fecha. O som de passos apressados a desceram as escadas e o barulho de uma porta a abrir-se. A violência de um nome suspenso no ar, e de novo... a instalação fria do silêncio absoluto.
Deixa-me ir. Preciso de andar. Preciso de caminhar por entre ruas cinzentas e molhadas, desertas de pessoas. Preciso de esgotar esta tristeza profunda, fria e vazia... que me anula num completo abandono ao meu corpo. Ao meu corpo que agora comanda mecanicamente todos os meus gestos... E curiosamente, é nestes momentos de fuga que a tua imagem regressa com maior intensidade... quantos pedaços de mim não perdi em cada momento que fechava a porta e saía para a rua em busca de um caminhar contínuo e sem rumo... caminhava horas a fio até conseguir adormecer essa dor... E depois. Depois regresso a casa... onde encontro o que restou de ti... um livro apenas.







9 Comments:
As separações quando estão a acontecer são qualquer coisa contra natura mas há algo em nós que as faz acontecer, elas não acontecem por acaso.
...mais uma vez um espelho.
Essa forma de colocar os sentimentos em letras... brilhante!
***azuis
Manhã...
sim, é verdade que há algo em nós que as provoca, e se acontecem... talvez não sejam tão contra-natura... talvez nos preparem para o que vem a seguir.
AlmaAzul
:o)... obrigado... quase diria que já sei o que te vou oferecer nos anos... ;o)
o livro é lindo - não é simplesmente maravilhosa a imagem de um livro aberto?
olhe, M., a si ficou-lhe um livro. a mim devolveram-me um livro...
falaram em paredes brancas e nuas?!... pois ... varreu-se-me qualquer pensamento mais coerente ...
branco é muita zen, não é?
Ó pá, ó Choco...
Enfim... Não tens cura mesmo, pois não?!
Miss Tangas... confesso que tenho curiosidade para saber que livro lhe devolveram ;o)...
Miss Chocozinha :o)
não percebi se foi a parte do branco ou das nuas que fez varrer qualquer pinsamiento...
Dona Mente
Boa madrugada ;o)
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